terça-feira, 13 de agosto de 2013

inferno

Um pintor retratou um homem sentado em um bloco de gelo. Nesse quadro não havia flores nem pássaros, só o homem e o bloco de gelo.
O céu era branco, sem nenhuma nuvem, e mão havia ninguém a não ser o homem sentado no bloco de gelo.

Um bom observador notaria o olhar desesperado e a expressão abatida. Sentiria toda a angústia que a imagem transmitia. O pintor retratou o pior  castigo que podemos nos infligir: a solidão; e o batizou com o único nome que poderia receber: inferno.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O OUTRO



Roberto chegou mais cedo em casa naquele dia. Sem qualquer aviso, sem motivo aparente. Nada dissera no escritório, qualquer justificativa que fosse, pegou suas coisas e saiu. Há meses a dúvida lhe corroía a paz, debilitava seu raciocínio e comprometia suas funções. Qualquer momento de distração e “zás”, seus pensamentos estavam concentrados no que ela estaria fazendo em sua ausência! Tentou corrigir a si mesmo, advertir sua consciência da tolice que estava cometendo em duvidar daquela mulher, a mulher de sua vida! Ela que havia se apaixonado por ele no instante em que soube de sua existência, que suportava sua melancolia, seus atrasos, seus hábitos irritantes (como chupar o osso da cocha da galinha emitindo um estalo com a língua entre os dentes), suas dicotomias. E tudo sem exigir nada em troca! Aquela mulher era a mulher! Mas há alguns meses seu comportamento estava mudado. Ele percebeu no dia em que saíra sem avisar e ela não o interrogou quando voltou para casa. Nenhuma pergunta sequer. Ele que já tinha pensado em como justificar-se sem lhe magoar, sem ser rude, mas ela nem quis saber. Algo mudou! Passou a perceber que em alguns dias quando voltava do trabalho a encontrava com aquele sorriso de Monalisa. Sorriso misterioso, como a esfinge que diz a Édipo: “Decifra-me ou te devoro”. E a dúvida se instalou em sua mente: Teria ela encontrado outro homem? Passou a ficar em casa nos finais de semana. Nada de futebol com os amigos, nada de cervejas ou conversas animadas. Do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Enquanto ele estava em sua companhia tudo era perfeitamente normal, mas nas terças e quintas ele voltava e via aquele sorriso! Roberto não suportava mais! Hoje seria o dia de esclarecer tudo e se ele estivesse errado (e com a graça do poderoso Deus estaria) pediria desculpas solenes e ambos iriam rir disso no sofá da sala, assistindo a novela das oito. Abriu a porta silenciosamente e avançou em direção ao quarto dela. Ninguém. Então ouviu risos na cozinha. Risos! Havia um homem ali. Traidora! Como pôde fazer isso? Como? Ele ia dar um escândalo, dizer verdades e distribuir socos em quem profanou o santuário do seu lar. Ao chegar na cozinha não acreditou no que viu. Seu Manoel, o simpático velhinho, vizinho de longa data, à mesa tomando café em frente a ela, suas mãos velhas e enrugadas sobre as dela, denunciando sua intimidade! Ela então o viu, ficou assustada sem saber o que dizer e o que saiu de sua boca foi uma frase clichê: _ Eu posso explicar! Não é isso que você está pensando! Roberto não precisava de explicações. “Eu vi tudo, mamãe! Não há mais espaço para mim nessa casa. Vai ser melhor para nós dois”. E foi arrumar suas malas. Ela o seguiu, como toda mãe faria. Ele continuou, inexorável. Dona Maria quis chorar, mas se conteve. Seu bebê ainda voltaria, ela sabia disso. Na cozinha Seu Manoel estampava um sorriso de triunfo. Dona Maria ainda abençoou o filho e disse que poderia voltar quando quisesse. Pobrezinho, como vai viver sem mim? Roberto tinha apenas trinta e cinco anos. Uma criança aos olhos da mãe.

domingo, 11 de agosto de 2013

Um conto para um pai

Depois de uma longa vida, José morreu.

Ele soube que ia morrer algumas horas antes, embora os médicos tenham dito aos seus familiares que seu quadro clínico havia melhorado. Mas ele não foi o primeiro idoso a sentir-se bem pouco antes de partir. Com as forças que possuía, pediu para a esposa chamar os quatro filhos e deu os conselhos finais a todos, pediu paciência com os erros dos mais novos e a estes pediu que escutassem com atenção as palavras dos mais velhos. Sorriu e disse que deixava sua esposa ao cuidado deles e por fim, desejou que todos pudessem perdoá-lo pelas suas faltas. Então, como se fosse dormir, José fechou os olhos e morreu.

Após deixar o corpo José teve medo. Na verdade, sempre temeu aquele momento. Era um pecador, um homem rude que pouco leu em sua vida e que agora não tinha mais tempo para corrigir nada. Mas o medo o abandonou e ele só sentia a paz. Estava diante do infinito, e não importa para onde olhasse, só via um espaço branco formado por nuvens.

_ Eu estou no Céu? Perguntou em alta voz.
_ Ainda não José.
Havia um homem simpático ao seu lado. Um pouco mais velho que ele, mas que irradiava força e bondade.
_ Então é o purgatório?
_ Não. Você acha que merecia o purgatório?
_ Tive meus pecados.
_ Vocês costumam ser muito severos. Pedem perdão pelos pecados e não aceitam que foram perdoados. Continuam a se castigar mesmo depois que alcançam o perdão. Você rezava o Pai Nosso todas as noites com sua esposa antes de dormirem. Vocês os ensinaram a todos os seus filhos. Será que nunca escutou ‘perdoa as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido’? Deus escuta as preces sinceras, José. Escuta e as atende.
_ A gente tem medo de não agradar a Deus.
_ Você foi um bom pai, José. Ensinou seus filhos o que era certo e o que era errado, se sacrificou por eles, foi amigo, companheiro e era um homem justo. Seus filhos o amavam tanto que não o desobedeciam porque não lhe queriam mal. Ver você triste era para eles o pior do castigo. Isso é amor. Deus é Pai, José. Revelou-se e ensinou seus filhos, e eles o obedecem por amor e não por medo.
_ Eu sempre tive fé em Deus, mas não fui daqueles que saíam convidando para ir a Igreja. Eu achava isso bonito, mas nunca tive coragem de fazer.
_ Todos recebem um dom. Uns catam, outros oram, outros explicam a Palavra, mas todos, todos mesmo, devem saber amar. E você amou muito! Você era pedreiro, certo? Você trabalhou honestamente, deu esmolas, aconselhou os amigos a fazerem as coisas certas, não mentiu ou fraudou ninguém e ainda ajudava vizinhos a fazerem pequenos reparos que eles nunca tinham meios de pagar. Você tinha pouco, mas partilhava o que recebia e transformava esse pouco em muito. Uma vez organizou seus amigos e todos trabalharam de graça para fazer uma casa de tijolos para uma senhora que criava dois netos e morava em um barraco erguido com restos de madeira, lata, lona e papelão. Porque você fez isso?
_ A coitada não tinha ninguém por ela. Ficou sozinha com os netos e a gente não podia ver aquilo sem fazer nada. Os pobrezinhos eram filhos de Deus.
_ Você levou Deus até eles. Seus amigos sentiram a felicidade de fazer o bem se esperar recompensas, de ajudar quem realmente precisava e quando entregaram a casa aquela senhora todos se sentiram em paz, porque Deus estava com eles, os confortando e agradecendo em seus corações. Deus está em tudo e em todos, José. Em cada ato de bondade e de misericórdia. Em cada perdão e em cada gesto de amor. Não há maior benção para um pai do que a felicidade de seus filhos. E como os pais ficam contentes ao perceberem que seus filhos se tornaram homens e mulheres de bem. Deus é Pai.
_ Meus filhos me chamavam de Painho.
_ É a intimidade que o amor permite. Jesus também chamou Deus de Painho. Ele chamava Deus de Abba, que em sua língua seria Painho.
_ Vendo assim eu fico contente. Acho que cuidei bem da minha família. Tenho pena da minha esposa. Vai ficar sozinha.
_ Você cuidou bem de sua família. Seus filhos desejam serem bons pais e boas mães porque tiveram um bom pai e tem uma boa mãe. Vocês souberam acolher Deus entre seus filhos e eles cuidarão dela com amor. As pessoas geralmente dão o que têm, e só têm aquilo que recebem. Você os deu muito amor.
_ Então sei que posso encontrar Deus sem ter vergonha do que fiz.
_ Você já o encontrou, José. Encontrou Deus quando ajudou a quem precisava, quando visitou os doentes, quando repartiu seu pão e o viu todos os dias nos olhos de sua esposa e de seus filhos. Agora você estará mais próximo dele. Colherá os frutos que plantou.
_ E pensar que cheguei a temer esse dia. – Disse José enquanto as nuvens se abriam e ele vislumbrava a Glória.
_ Deus é Pai, José. Só os filhos desobedientes e perversos têm medo do seu pai.



Emerson Luiz.

REFLEXÃO DE DOMINGO - Não sabemos nem o dia nem a hora




O Evangelho meditado hoje é o de Lucas (Lc 12, 32-48). Nele, Jesus nos diz primeiro que o medo não nos pode dominar, porque foi do agrado de Deus nos conceder as chaves do Reino. O ser humano foi resgatado na pessoa de Jesus e passou a fazer parte do Reino de Deus e isso implica em mudança, em uma grande transformação. A economia da salvação nos impele a ter posturas diferentes diante do mundo em que vivemos. Uma das ações provocadas pelo encontro com Jesus é o desapego das coisas materiais, "vendei vossos bens e dai esmolas", "juntai um tesouro nos céus" e lembremos de que "onde está teu tesouro estará ali teu coração".

Nosso tesouro é possuir as chaves do Reino. Mas essa posse está vinculada a nossa postura diante do que Deus espera de nós. É necessário estarmos preparados para o encontro com Ele. Jesus conta-nos uma parábola sobre os operários que esperaram o seu Senhor, fazendo sua vontade mesmo em sua ausência. Quando este retorna se alegra e serve seu empregados, feliz por encontrá-los vigilantes e fazendo o que era de sua vontade. Mas se esse Senhor retorna e encontra o seu administrador bebendo e sendo injusto com seus empregados por julgar que seu retorno seria demorado ele o tratará de forma severa e este administrador será muito castigado.

Nós somos os administradores eleitos por Jesus e é necessário que pensemos com cuidado sobre isso. Como estamos administrando o que ele nos confiou? O planeta sente as dores por nosso descuido, sofre por nossa ganância e milhões de seres humanos, filhos e filhas de Deus, padecem sem água, comida, moradia e condições mínimas de sobrevivência enquanto planejamos viagens de férias ou a compra de um carro novo. Onde está o nosso tesouro? Em quê depositamos nossa confiança?

Como tratamos nossos amigos e familiares? Como se sentem esposos e esposas? São tratados como pérolas ou como servos que devem apenas obedecer aos mandos e desmandos de um administrador injusto? A medida que se usa para julgar os atos dos outros e condenar seus erros é a mesma que usamos para avaliar nossos próprios atos? Somos todos chamados a, em Jesus, nos tornarmos novos homens e mulheres, a conhecermos a verdadeira felicidade e nos alegrarmos com a Boa Nova do Reino de Deus. Do encontro pessoal com o Cristo, o filho do Deus Vivo, encontramos também a esse pai amoroso e misericordioso e nenhuma experiência de vida se iguala à plenitude do encontro com Deus. É esse encontro que nos permite vencer o mundo! Que sejamos servos atentos e que em tudo possamos fazer a vontade do Nosso Senhor!

Um ótimo domingo e que Deus nos abençoe a todos.

Emerson Luiz

sábado, 10 de agosto de 2013

UM BELO POEMA PARA O DIA DOS PAIS



O poema chama-se "Se" de Rudiard Kipling e traz os conselhos de um pai para seu filho. Belíssimo:

Se 

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

Rudyard Kipling

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ESPELHO, ESPELHO MEU

               



Amanda estava pronta. Cabelo escovado, maquiagem leve, lentes de contato para deixar os olhos ainda mais azuis, short bem justo para dar uma valorizada no visual e aquele corpinho lindo que Deus lhe deu. Os olhos fizeram uma rápida varredura no quarto e logo encontraram o item mais importante da manhã: o seu celular. Agora sim, tudo pronto. Então, quando finalmente ia começar batidas na porta cortaram o seu sorriso.
_ Amanda!
_ Oi, mãe! – Ela correu na vã tentativa de tentar impedir a mãe de entrar, mas poucas coisas no mundo são tão rápidas quanto mães curiosas a respeito da vida das filhas. Em poucos segundos dona Laura estava no quarto.
_ Vai sair filha? Está tão arrumada.
_ Não, mãe. Vou ficar em casa estudando para a prova. A senhora queria alguma coisa?
_ Só ver você. Quer que traga um lanche? – Ah, as mães.
_ Estou sem fome. Agora vou estudar. – Era o sinal para que ela saísse. Assim que Laura passou pela porta, Amanda se trancou. Pegou o celular e foi direto para a frente do espelho. Fez caras e bocas, poses e mais poses, cada movimento um clique. Vinte minutos depois sentiu-se satisfeita.
_ Terminou? Uma voz grave ressoou dentro do quarto. Amanda pensou em gritar, mas antes disso a voz continuou: _ A senhora não fez as mesmas perguntas, então resolvi perguntar.
_ Quem está aqui?
_ Eu estou, ora. – Então ela percebeu que a voz vinha do espelho.
_ Eu devo ter enlouquecido.
_ Provavelmente. A  não ser que o hábito de fotografar-se em frente ao espelho para expor sua intimidade seja algo são.
_ Ei, todo mundo faz isso!
_ Eu gostava mais quando diziam: “Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela que eu?” e, então, eu respondia todo solene: “_ Não, majestade. Sois a mais bela e isso é a verdade”. Aí a rainha envelhecia, ficava obsessiva e pedia o coração de uma bela jovem numa bandeja. Coisas casuais com que todos estão acostumados. Mas vocês inventaram as fotografias digitais e as redes sociais e nós, espelhos mágicos passamos por a maior crise econômica da história.
_ Foi mal, seu espelho. Mas bem que eu queria saber:  existe alguém mais bonita que eu?
_ A Marcinha.
_ Mas a Marcinha é dois anos mais velha que eu e é bumduda! Gritou com raiva.
_ Por isso. Respondeu friamente o espelho.
Amanda ficou fora de si e tirou o espelho da parede. Foi até a frente da casa e o deixou lar para ser recolhido pelo lixeiro ou por algum catador.
_ E só não lhe quebro porque dá azar. Marcinha. Hum! E saiu.
Horas depois um catador com uma carroça recolheu o espelho.
_ Quem jogaria um espelho tão bonito assim?
Temendo pelo seu futuro nas mãos de quem vive de reciclagem o espalho contou sua história ao humilde catador.
_ Ainda bem que não fumei nada hoje.
O catador já havia sido programador. Ele havia escrito algumas linhas de comando do Internet Explorer e disse que o Google e o Firefox eram coisas passageiras. Assim explicara sua pobreza.
_ Espelho, meu amigo, nossos problemas acabaram.
O homem explicou ao espelho o que eram aplicativos para Tablet, Smartphone, Iphone e celulares e transformou os espelhos mágicos desempregados em um moderno aplicativo para facebook onde você posta fotos automaticamente e descobre quem te acha a mais gata. Quem ganha mais curtidas vira capa do site do programa. Ganharam milhões e viveram felizes para sempre.

E mesmo depois disso Marcinha continuou mais  bonita que Amanda.


Emerson Luiz

SOBRE O PROFESSOR QUE NUNCA REPROVOU NINGUÉM



Hoje li um texto, no mínimo, interessante. Intitulado “Professor que nunca havia reprovado um aluno” a peça literária – vou chama-la assim – foi elaborada para fornecer argumentos contra o socialismo e apontar a concorrência e a meritocracia como ferramentas exclusivas para o bom rumo da sociedade (capitalista, é claro). Após narrar o “experimento” realizado por um suposto professor de economia que dividiu as notas dos alunos pela média da classe, que progressivamente foi baixando de nível até que todos os alunos, até os excelentes, fossem reprovados. Nessa lógica que poderia ter sido elaborada por Mirian Leitão, Gustavo Ioshippe ou outro grande economista midiático, muitos alunos deixariam de se esforçar confiando no desempenho dos que realmente queriam aprender, e quando a maioria fez isso prejudicou toda a turma. É uma forma de “provar” que o socialismo ou qualquer governo que queira fixar impostos mais altos para os que ganham mais irá, fatalmente, prejudicar a todos. Esses são os pontos defendidos pelo autor do texto:

1. Você não pode levar o mais pobre à prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando  dividi-la;
5. Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

Argumentos simplistas e reducionistas como esses seduzem as mentes mais frágeis a corroborarem com essa tese sem qualquer fundamento científico e crivada de ideologias elitistas. Ela serve para legitimar preconceitos contra os que dependem da intervenção estatal e para gerar jovens que defendam o modelo neoliberal e predatório e que sejam contrários a ideias que nunca conheceram. Taxar proporcionalmente não é tirar a prosperidade do rico, é ser justo com o mais pobre. São programas de distribuição de renda que estão reduzindo a desigualdade social desse país e oferecendo melhores condições de vida para milhões de pessoas. O argumento do “professor que nunca reprovou ninguém” serve para banqueiros, investidores, donos de empresas e nossa burguesia preconceituosa e burra doutrinarem os mais pobres a manter o sistema que os sustenta. “O professor que nunca reprovou ninguém” merecia ser reprovado junto com toda a turma. Ele por seu preconceito disfarçado de intelectualidade e a turma por ter aceitado essa falácia como verdade científica e instrumento de avaliação. E se você acredita nos argumentos desse texto sem pesquisar por evidências concretas, bem, talvez mereça algum tipo de castigo também.
Emerson Luiz